terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Dezembro




Era em Dezembro que Lídia sentia mais a falta de Luanda. Em Dezembro faz frio nas ruas de Lisboa. Uma chuva de teias de aranha prende-se à roupa e ao cabelo. As pessoas ficam mais amargas. Em Luanda, pelo contrário, o vigor da natureza contagia tudo. O sol arde. Os pássaros cantam de euforia. Dezembro é um mês de risos e calor - o bom calor do chão. Os homens sentam-se à sombra a beber cerveja. Conversam longamente. As comadres perdoam-se ofensas antigas. Há um esplendor de acácias rubras pelas ruas. As estrelas, como diamantes, enfeitam as noites de um brilho novo.
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José Eduardo Agualusa
Estação das Chuvas