segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

há dias...

em que o que me apetecia mesmo, mas meszzzzzzzzzzmo muito era estar aqui:


e o coração fica pequenino porque não sei quando é que lá irei....

Y

"minha terra é linda
como a flor nascida no muxito
não levem a mal
eu gostar tanto dela
não me queiram mal
por falar tanto dela"


Foto tirada d'aqui

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Natal à Beira-Rio

NATAL

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

Y
David Mourão-Ferreira in “Natal à Beira-Rio”


Foto tirada da Net

sexta-feira, 30 de julho de 2010

porque possuo apenas uma vida...

"Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e nela só tenho uma chance de fazer o que quero. Tenho felicidade o bastante para fazê-la doce, dificuldades para fazê-la forte, tristeza para fazê-la humana e esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas, elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos."

Y

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Venham enfim...


Venham enfim as altas alegrias.
As ardentes auroras, as noites calmas,
Venha a paz desejada, a harmonia.
E o resgate do fruto, e a flor das almas.
Que venham, meu amor, porque estes dias
São de morte cansada,
De raiva e agonias
E nada.

José Saramago in “Venham Enfim”

Imagem: Wendy Ryan

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Cada dia que passa...



Y
ai este coração...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Quem me quiser...



Quem me quiser há-de saber as conchas
a cantigas dos búzios e do mar.
Quem me quiser há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.

Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
à saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no Inverno.

Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.

Quem me quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.

Quem me quiser há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
- Ou então não saber a coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.

Y
Rosa Lobato de Faria
Img. da net

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pobres dos nossos ricos...



POBRES DOS NOSSOS RICOS


A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos.

Mas ricos sem riqueza.

Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.

Rico é quem possui meios de produção.

Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.

Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem.


Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos".

Aquilo que têm, não detêm.

Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros.

É produto de roubo e de negociatas.

Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram.

Vivem na obsessão de poderem ser roubados.

Necessitavam de forças policiais à altura.

Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia.

Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade.

Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (...)

Y
MIA COUTO

sábado, 16 de janeiro de 2010

Navegar...

julianabollini

...

O barco, noite no céu tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco, da madrugada
O porto, nada

Navegar é preciso, viver não é preciso
Navegar é preciso, viver não é preciso

Y
Os Argonautas

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Diferentes...


"Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais."

Y
Bob Marley

imagem de: angela sartorato

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A propósito de estrelas...

Não sei se me interessei pelo rapaz
por ele se interessar por estrelas
se me interessei por estrelas por me interessar
pelo rapaz hoje quando penso no rapaz
penso em estrelas e quando penso em estrelas
penso no rapaz como me parece
que me vou ocupar com as estrelas
até ao fim dos meus dias parece-me que
não vou deixar de me interessar pelo rapaz
até ao fim dos meus dias
nunca saberei se me interesso por estrelas
se me interesso por um rapaz que se interessa
por estrelas já não me lembro
se vi primeiro as estrelas
se vi primeiro o rapaz
se quando vi o rapaz vi as estrelas

Y
Adília Lopes

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Voar...

...
Ó meu anjo da guarda
faz-me voltar a sonhar
faz-me ser astronauta.... e voar
...
Y
Xutos & Pontapés

Imagem tirada da net

Tombe la neige

Tombe la neige
Et mon coeur s'habille de noir
Ce soyeux cortege
Tout en larmes blanches
L'oiseau sur la branche
Pleure le sortilege
Tu ne viendras pas ce soir

Y
Salvatore Adamo

Foto by Régi "Recantos de Alegrete"

Ontem em Alegrete...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Vontade...


Húmido de beijos e de lágrimas,
ardor da terra com sabor a mar,
o teu corpo perdia-se no meu.

(Vontade de ser barco ou de cantar.)
Y
Eugénio de Andrade

domingo, 3 de janeiro de 2010

Visita-me enquanto não envelheço...

A Modigliani portrait of Jeanne Hebuterne

Visita-me enquanto eu não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com o teu rosto de Modigliani suicidado

tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores
vem

ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo
subindo à boca sulfurosa dos espelhos
vem

antes que desperte em mim o grito
dalguma terna Jeanne Hébuterne a paixão
derrama-se quando tua ausência se prende às veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro
perco-te no sono das marítimas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindável água
vem

com teu sabor de açúcar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-se

Y
Al Berto