quinta-feira, 7 de maio de 2009

este azul que encaminha os céus...




Não sei dizer este azul que encaminha os céus...
Sei respirá-lo intenso na vibração densa, descompassada
dos olhos que se entornam nele...
Não sei morrer noutra cor.
Antes esta tonalidade
assim-breve, assim-escorregadia
desintegrando a noite
reinventando o dia.
E eu...
eu não sei escrever este azul
que dá luz á manhã...
Há no silêncio do aruma paz autorizada...
um murmúrio lírico
no renascimento
de cada momento.
O pássaro brinca entre uma nota de assobio
e um sopro de vento.
A borboleta adormece — encantada.
Para haver paz
há que caminhar silêncios.
Quero o aconchego da sombra da árvore.
A sua frescura
A sua candura.
Quero o seu caule sólido
A maciez da sua seiva
A dureza da sua raiz.
Quero a paz das suas folhas deitadas,
deleitadas
adormecendo — na paz do tempo.

Ndalu De Almeida ( Ondjaki ) – Angola

Foto de: Nelson Viegas - Luanda - Ilha do Mussulo

1 comentário:

Ana Casanova disse...

Não consigo esquecer este azul...
O poema é lindo e a ilha do Mussulo traz-me à memória mil recordações.
Beijinhos Régi