terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A nossa casa!


A nossa casa, Amor, a nossa casa!
Onde está ela, Amor, que não a vejo?
Na minha doida fantasia em brasa
Constrói-a, num instante, o meu desejo!

Onde está ela, Amor, a nossa casa,
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa?

Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos,
Andamos de mãos dadas, nos caminhos
Duma terra de rosas, num jardim,

Num país de ilusão que nunca vi...
E que eu moro - tão bom! - dentro de ti
E tu, ó meu Amor, dentro de mim...

Y
Florbela Espanca
Imagem: B. Berenika

Chasing Pirates...



And I try not to dream
Up impossible schemes,

That swim around, wanna drown me insane.

Y

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal e não Dezembro...


Para vos oferecer , lembrei-me de um poema lindíssimo de David Mourão-Ferreira .
O poema chama-se "Natal e não Dezembro". Não é novo não quer sequer ser novo. Pode ser religioso, agnóstico ou até ateu. Mas é, definitivamente bom para partilhar convosco


"Entremos dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, dois milhões de nada.
Procuremos o rasto de uma casa,
a cave a gruta o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
Talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada."

Y

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

água na boca...



"A gente faz amor
por telepatia
no chão, no mar, na lua
na melodia... "

Y

domingo, 20 de dezembro de 2009

As facas...

Quatro letras nos matam quatro facas
que no corpo me gravam o teu nome
Quatro facas amor com que me matas
sem que eu mate esta sede e esta fome.

Este amor é de guerra. (De arma branca)
Amando ataco amando contra-atacas
este amor é de sangue que não estanca
Quatro letras nos matam quatro facas.

Armado estou de amor. E desarmado.
Morro assaltando morro se me assaltas
e em cada assalto sou assassinado.

Quatro letras amor com que me matas.
E as facas ferem mais quando me faltas.
Quatro letras nos matam quatro facas.

Y
Manuel Alegre
Imagem da Net

domingo, 13 de dezembro de 2009

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Paper Aeroplane





Got to say mmm

Y

sábado, 5 de dezembro de 2009

Ser-se poeta

Quereis saber que é ser-se poeta?
Pois bem. Aqui vos deixo em breves traços:
É vaguear em sonhos p´los espaços,
Sem que o nosso ideal encontre a meta!

Querer ter a magia dum profeta,
Ter forças para vencer nossos fracassos,
À ilusão e à vida dar os braços
Quando o Cupido atira a sua seta.

É descer aos mistérios das ravinas,
Desvendar horizontes nas colinas
E em tudo achar motivos de beleza!

Ser simples como as ervas pelo chão
E agradecer a Deus este condão,
Que é sentir dentro em nós a Natureza!
Y
Antero de Quental (1842 - 1891)
Foto by Régi "Recantos de Alegrete"

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Soon...



breve oh tão breve a luz
passa por dentro e tranquiliza a noite sem fim
...


Gosto-vos

Dás-te conta?



Cada vez mais...
gostiiiiii Henriqueta!!!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Se...














Se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra

eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto

ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio

daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse...
Y
Alice Ruiz

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Às vezes aqui faz frio...

Aqui estou eu
Sou uma folha de papel vazia
Pequenas coisas
Pequenos pontos, vão-me mostrando o caminho

Ás vezes aqui faz frio,
Ás vezes eu fico imóvel,
Pairando no vazio
Ás vezes aqui faz frio

Sei que me esperas
Não sei se vou lá chegar
Tenho coisas pra fazer
Tenho vidas para acompanhar

Às vezes lá faz mais frio,
Às vezes eu fico imóvel,
Pairando no vazio
Feito vazio
Às vezes faz lá mais frio

Bem-vindos à minha casa
Ao meu lar mais profundo
Onde eu saio por vezes
A conquistar o mundo

Às vezes tu tens mais frio
Às vezes eu fico imóvel
Pairando no vazio
No perfeito vazio
Às vezes lá faz mais frio
O teu peito vazio...
Perfeito Vazio - Xutos & Pontapés

sábado, 10 de outubro de 2009

Mal necessário...


Sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher
Sou a mesa e as cadeiras deste cabaré
Sou o seu amor profundo, sou o seu lugar no mundo
Sou a febre que lhe queima mas você não deixa
Sou a sua voz que grita mas você não aceita
O ouvido que lhe escuta quando as vozes se ocultam
Nos bares, nas camas, nos lares, na lama.
Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo, mas nem sempre atento
O que nunca lhe fez falta, o que lhe atormenta e mata
Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
O que não tem duas partes, na verdade existe
Oferece a outra face, mas não esquece o que lhe fazem
Nos bares, na lama, nos lares, na cama.
Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo
Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
O que não tem duas partes, na verdade existe
Mas não esquece o que lhe fazem
Nos bares, na lama, nos lares, na lama
Na lama, na cama, na cama


">

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Chamamento...


Da margem do sonho
e do outro lado do mar
alguém me estremece
sem me alcançar.

Um bafo de desejo
chega, vago, até mim.
Perfume delido
de impossível jasmim.

É ele que me sonha?
Sou eu a sonhar?
Sabê-lo seria
desfazer, no vento,
tranças de luar.


Nuvens,
barcos,
espumas
desmancham-se na noite.

E a vida lateja, longe,
num outro lugar.


Luísa Dacosta in “Chamamento”

terça-feira, 28 de julho de 2009

Voltar...


"Aprendi com a primavera a me deixar cortar. E a voltar sempre inteira."

Cecília Meireles
Imagem de Tim Walker

sexta-feira, 24 de julho de 2009

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Brilhos da madrugada...

Sabes, muadiê, aí sobram só calmarias da noite. É aí que logo-logo começam a rebentar devagarinho os brilhos, os brilhos da madrugada.

Ondjaki

quinta-feira, 16 de julho de 2009

uma espécie de dever...



Eu tenho uma espécie de dever, de dever de sonhar sempre,
pois sendo mais do que
uma espectadora de mim mesma,
Eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco,
cenário para viver meu sonho
entre luzes brandas e
músicas invisíveis

Fernando Pessoa


Imagem tirada d'aqui

Dilema...


terça-feira, 14 de julho de 2009

Creio...


Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.
Y
Natália Correia
Imagem: óleo de Yudelsy Marquez

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Recomeça...


Recomeça...
Se puderes,
E os passos que deres,
Nesse caminho duro do futuro,
Dá-os em liberdade
Enquanto não alcances,
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

Miguel Torga

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Solidão...

E ninguém é eu, e ninguém é você. Esta é a solidão.

Y

Clarice Lispector



Foto de: Tim Walker



quarta-feira, 8 de julho de 2009

Somos como árvores...

Somos como árvores
só quando o desejo é morto.
Só então nos lembramos
que dezembro traz em si a primavera.
Só então, belos e despidos,
ficamos longamente à sua espera.


Y
Eugénio de Andrade


Foto de: Tim Walker

terça-feira, 7 de julho de 2009

acordei bemol



acordei bemol

tudo estava sustenido

sol fazia

só não fazia sentido









Paulo Leminsky
Imagem de: Kuchiki Rukia

É preciso não esquecer nada...

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos severos conosco,
pois o resto não nos pertence.
Y
Cecília Meireles

Ilustração de Cláudia Gominola

segunda-feira, 6 de julho de 2009

"Coisas do coração"

Porque algo forte nos une
a gente sempre se entende.
Não há dúvida que resista
com a força da emoção.
Quando as palavras calam,
falam olhos, falam mãos...
São os laços dos afectos
nós que nunca desatam
mesmo com a força da razão,
porque não há força que desfaça
o nó cego do CORAÇÃO!
Y
Ana Casanova


Imagem: Jackieludtke

sábado, 4 de julho de 2009

Sonhos...

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mario Quintana - Baú de Espantos

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Espera

deviantART
"...

Não sei que mar é este, nem que navios encalham nas suas praias.

Sento-me na sua margem.

Espero-te...

..."


Nuno Júdice, in Cartografia de Emoções

terça-feira, 30 de junho de 2009

sem perguntas...





Um doce, esta pequena Henriqueta...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Byeeeeeeeeee Michael


Foi um artista fenomenal, dançava... cantava... compunha... um talento artístico inigualável
Músicas que ficarão para sempre
Nem vale a pena enumerá-las... são tantas!!
Quem nunca tentou imitar o "Moonwalk" em frente ao espelho??
Hoje é certamente um dia triste na história da humanidade...
Byeeeeeeeee Michael Jackson

Quando eu tiver setenta anos...

quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta minha adolescência
vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência


vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito

vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito


então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência


(Paulo Leminski)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

S.João

S. João

Para alguém sair do chão

nem só precisa talento,

até o melhor balão

Precisa da ajuda do vento

Da Ribeira até à Foz por ruelas sujas e gastas....

é meszzzzzzzzmo um Porto sentido

Gosteiiiiiiiiiiii

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Vazio...

"No ponto onde o silêncio e a solidão
Se cruzam com a noite e com o frio,
Esperei como quem espera em vão,
Tão nítido e preciso era o vazio."

Sophia de Mello Breyner


img. by Adfruitos

O Segundo do outro lado do Vento…

Se me vendam os olhos, eu, o arqueiro! Acerto
em cheio no alvo porque o não vejo:
por pensamento e paixão,
ou porque foi tão sentido o vento a luzir nos botões dos salgueiros,
como se atirasse do outro lado do vento,
ou na solidão de um sonho,
ou como se tudo fosse o mesmo: flecha e alvo –
e
cego
acerto em cheio:
porque não quero

Herberto Helder

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O que há em mim é sobretudo cansaço


O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

domingo, 14 de junho de 2009

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Fome...



Onde estão ó ricos
vossas grandezas
vossas liberdades
vossas riquezas

Tornaram-se uma prisão
Cadáveres cercam a cidade

Onde estão ó ricos
vossas mansões
vossa licenciosidade
vossas condecorações

Tornaram-se o lixo
das praças e avenidas
Cadáveres se amontoam pelas ruas
Cadáveres se amontoam pelas casas
MORTE PELA FOME (Profecia de Dom Bosco)

Acho...


Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade.

A gente só descobre isso depois de grande.

Manoel de Barros

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Caminhos...



“...Vai pelo caminho da esquerda, boy,
que pelo da direita tem lobo mau e solidão medonha."


(Caio F.)

Regresso ao passado...


Senhoras de 50 podem parecer ter só 30!?!...

Se comprar dois, em seis semanas vou aterrar na adolescência... hehehe

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Poema


Quero escrever-te um poema que

tenha um sentido claro como o

que os teus olhos me disseram.

Poderia ser um poema de amor,

tão breve como o instante em

que me deixaste ver os teus olhos.

Mas o que os olhos dizem não cabe

num poema, nem eu sei como se diz

o amor que só os olhos conhecem.

Nuno Júdice

Imagem: Mark Spain

poupar...




No poupar é que está o ganho.


Protege-se o ambiente e a carteira...

Encontros...



Gosto de encontros do verbo encontrar ...


Não de encontros do verbo marcar, esperar, fixar ...

terça-feira, 9 de junho de 2009

A dança do tempo, o ciclo das estações



Sábado foi dia de ir às cerejas.

Gestos remotos de Maio anualmente repetidos em renovada e perpétua tarefa - como quem colecciona finais de frases para as retomar mais tarde. Imagens em trânsito que regressam incessantes, reiteradamente. Fragmentos de pessoas, rostos, silhuetas. Chegam dos lugares da escola, do liceu, da juventude, de mais longe ainda, da infância… Rastos de outrora no limiar de metamorfoses por vir. Trajectórias de vagabundagens e aventuras no tempo em que colhíamos outros frutos …

Por isso, sábado foi dia de ir às cerejas - como quem trepa a uma pitangueira e colhe maboques com aroma de goiabas e sabor a loengos…

Maria Alice Pinho da Silva

Parabéns Donald


O Pato Donald, aquele a quem a vida não pára de apresentar dificuldades mas que luta contra a adversidade com a mesma energia desajeitada, festeja hoje 75 anos.
Parabéns companheiro de infância




Debicar pitangas...

Nas difusas lembranças em que descansamos os olhos,
perduram exactas paisagens que dão sentido à vida:

Andavas a debicar pitangas por entre rumorosas ramagens;
verdes goiabas amadurecendo gostosos odores no calor do planalto;
morros de salalés esvoaçantes em pleno sol;
troncos de árvores de golas brancas espreitando cacimbos.

E um rio... um rio caudaloso e cantante a escoar sonhos...

Lá, onde se aquieta o inquieto coração...

(marialice - 30/4/06)

Imagem d'aqui

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Pungo Andongo

DO TEMPO E DA MORTE EM PUNGO ANDONGO

Às vezes penso naquele poente que eu não vi
em Pungo Andongo
E no tempo (esse estranho mito)
Que não fixou os corpos, nem os gritos
Nem o sangue do sol nesse preciso instante.
Às vezes penso em Pungo Andongo
E em quantas vezes se repetirá o rito
O ritual da morte (outro estranho mito)
Tão lúcido e tão breve nesse preciso instante.
José Eduardo Agualusa
Imagem d'aqui

terça-feira, 26 de maio de 2009

Gosto de estar preso na infância...

"Gosto de estar preso na infância e sei muito mal desprender-me de lá. Mais das vezes acaricio lembranças, nuvens esbranquiçadas nas chuvadas da minha memória – avô, avó, e os bichos da rua: me lembro muito das libélulas, que nós chamávamos de helibélulas, e nos meus sonhos, um dia, consegui vislumbrar um gambozino. Era de tarde, muadiê, e fui já dar encontro nos cambas da rua pra contar como era afinal um gambozino. E como é então?, me perguntaram, e eu só quis chorar: porra..., esqueci!"

Ondjaki

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Gata borralheira



No meu conto,
Não havia fadas
Não havia príncipes
Não havia sapatinhos
Não havia charrete

*
No meu conto,
Havia sonhos
Havia amor
Havia saudades


*
Sem fadas ,
Não vi o príncipe
Não fui ao baile
Não fui princesa
Não perdi o sapatinho
Fui apenas gata borralheira.

Flor Pedrosa

Sonharrrrr...



Aqueles que sonham de dia conhecem muitas coisas
que escapam àqueles que só sonham de noite.

Edgar Allan Poe

(ilustração de Ana Oliveira)

Sózinho



"É que um carinho às vezes cai bem "


Linda esta músiquinha

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Ninguém Escreve ao Coronel

“Chegou à janela, mas o seu rosto não revelou nenhuma emoção.

- Gostaria de plantar rosas – disse ela, de volta ao fogão.

O coronel pendurou um espelho na estaca, para se barbear.

- Se quer plantar rosas, porque não planta? – perguntou.

Procurou identificar os seus movimentos com as da imagem no espelho.

- Os porcos comem-nas todas – disse ela.

- Óptimo – disse o coronel – porco engordado com rosa deve ser muito bom.


”Gabriel Garcia Marquez in “Ninguém Escreve ao Coronel”

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Na esplanada cantando... uma beleza...

Um cone de Pitanga com pinguinho de nata para adoçar a voz...

O Baleizas é uma ondazinha

O Baleizas é uma ondazinha
que bate bate e não magoa
é um martini uma caipirinha
gente fixe e muito muito boa
a malta brinca ri e ouve um som
na esplanada ao sol e no bem bom...
Tudo nele é ligth ligth ligth
tudo nele é ligth ligth ligth
yo
é facil lá chegââr
é fácil lá chegââr
o maximbas é o vinte um
e o pessoal vai lá dar
Boa disposição é o que não falta
Colorido também não
Como sorrir é o que faz falta
Vamos nessa, então!!!
Todos juntos todos num
acendemos uma fogueira
com uma garrafa de rum
apanhamos uma bebedeira
o videowall a bumbar
o sol a queimar
o baloiço a balançar
vou-te contar
vou-te contar
e eu diria algo mais... yo
do Sambilas ao Baleizas
é sempre um zunzunzum
carregadinha com as cervejas
e um sonho pra cada um...
Tudo nele é ligth ligth ligth
tudo nele é ligth ligth ligth
yo
Y
"Flip, Jotta, Régi, Júlia, Abel, Xana"
Post tirado d'outra sanzala onde um outro "baleizão" rolava cheio de amizade e alegria... Xôdadjiiiiiiiii...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Descansar de nós...

B. Berenika

" Temos de descansar temporariamente de nós, olhando-nos de longe e de cima e, de uma distância artística, rindo sobre nós ou chorando sobre nós: temos de descobrir o herói, assim como o parvo, que reside na nossa paixão pelo conhecimento, temos de nos alegrar uma vez por outra da nossa tolice, para podermos continuar alegres com a nossa sabedoria"
Nietzsche

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Aquarela


http://www.laboratoriodedesenhos.com.br/aquarela.htm

...
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

...
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...

Allez Porto Allez...

Ai estes são os filhos do Dragão

Unidos para vencer

Orgulhosos por fazer

Deste Porto campeão

quinta-feira, 7 de maio de 2009

este azul que encaminha os céus...




Não sei dizer este azul que encaminha os céus...
Sei respirá-lo intenso na vibração densa, descompassada
dos olhos que se entornam nele...
Não sei morrer noutra cor.
Antes esta tonalidade
assim-breve, assim-escorregadia
desintegrando a noite
reinventando o dia.
E eu...
eu não sei escrever este azul
que dá luz á manhã...
Há no silêncio do aruma paz autorizada...
um murmúrio lírico
no renascimento
de cada momento.
O pássaro brinca entre uma nota de assobio
e um sopro de vento.
A borboleta adormece — encantada.
Para haver paz
há que caminhar silêncios.
Quero o aconchego da sombra da árvore.
A sua frescura
A sua candura.
Quero o seu caule sólido
A maciez da sua seiva
A dureza da sua raiz.
Quero a paz das suas folhas deitadas,
deleitadas
adormecendo — na paz do tempo.

Ndalu De Almeida ( Ondjaki ) – Angola

Foto de: Nelson Viegas - Luanda - Ilha do Mussulo

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Mangas verdes com sal...



















Mangas verdes com sal
sabor longínquo, sabor acre
da infância a canivete repartida
no largo semicírculo da amizade.

Sabor lento, alegria reconstituída
no instante desprevenido,
na maré-baixa,
no minuto da suprema humilhação.

Sabor insinuante que retorna devagar
ao palato amargo,
à boca ardida,
à crista do tempo,
ao meio da vida."

Rui Knopfli /1972