quarta-feira, 13 de abril de 2011

Perturbação...


Quando estou, quando estou apaixonado
Tão fora de mim eu vivo
Que nem sei se estou vivo ou morto
Quando estou apaixonado.

Não pode a fera comigo
Quando estou, quando estou apaixonado,
Mas me derrota a formiga
Se é que estou apaixonado

Estarei quem, e entende, apaixonado
Neste arco de danação?
Ou é a morta paixão
Que me deixa, que me deixa neste estado?


Carlos Drummond de Andrade

domingo, 10 de abril de 2011

Miró


".....Procurava o essencial ou, melhor, o essencial saía-lhe das mãos como que por milagre. O essencial da cor, do desenho, da escrita. Porque Miró foi um dos pintores/escultores que, pintando ou esculpindo, mais escreveu. E que escreveu ele? Que tudo pode ser promovido, por toques de mágica, à categoria de objecto de arte, que nada é canónico, que arte e vida estão de tal modo entrosadas que é impossível saber onde acaba uma e começa a outra. A sua imaginação nem era imaginação, era um ritual de homenagem ao mundo maravilhoso que o rodeava.........É que ele sabia, como ninguém, que o homem é filho do menino."

Alexandre O'Neill (Uma coisa em forma de Assim- Miró, mirones ).