sexta-feira, 19 de junho de 2009

O Segundo do outro lado do Vento…

Se me vendam os olhos, eu, o arqueiro! Acerto
em cheio no alvo porque o não vejo:
por pensamento e paixão,
ou porque foi tão sentido o vento a luzir nos botões dos salgueiros,
como se atirasse do outro lado do vento,
ou na solidão de um sonho,
ou como se tudo fosse o mesmo: flecha e alvo –
e
cego
acerto em cheio:
porque não quero

Herberto Helder

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